Gostaria de ter uma foto de Isidoro Batista, mais conhecido
como Capiti, mais infelizmente ainda não consegui ao longo desse processo de
pesquisa. O dia em que encontrar alguém que possua essa foto, soltarei fogos.
Ou no dia em que encontrar sua filha, Tetê, da qual não descobri o paradeiro.
Ou algum outro parente. Isso porque o Capiti representa um capítulo a parte na
história do Cine Argus: o show de calouros do Capiti.
Figura folclórica na cidade de Castanhal nos anos 50 e 60,
Capiti foi um radialista que veio de Macapá, trabalhou na Rádio Marajoara em
Belém e, ao chegar em Castanhal, assumiu o serviço de publicidade do cinema de
Seu Duca. Afinal, como já dissemos em outras ocasiões, o Cine Argus era mais do
que um mero cinema. Era a principal referência cultural do município, onde
aconteciam uma série de eventos, e também um espaço de utilidade pública. O
Departamento de Publicidade do Cine Argus (intitulado assim por Seu Duca) era
responsável por divulgar as principais notícias de Castanhal e da região, além
é claro de anunciar a programação dos filmes. O Capiti, que se tornou o locutor
oficial (e até hoje o mais famoso) do Cine Argus, idealizou a realização de um
festival de calouros que marcou profundamente a história do cinema de Seu Duca.
Inicialmente realizado nas noites de quinta-feira e
posteriormente nas matinês de domingo, o show de calouros do Capiti fez
história no município de Castanhal. Capiti conseguia a doação de pequenos
brindes no comércio local e fazia a divulgação de seu programa de auditório no
município. Durante alguns períodos, era comum as pessoas irem para a missa da
manhã na Matriz de São José e, ao sair, ir para o Cine Argus para assistir o
show de calouros do Capiti. Intervalo para o almoço e, poucas horas depois, a população
voltava ao Argus para assistir aos filmes.
Bandas e conjuntos regionais se apresentavam. Vez ou outra,
uma atração de fora do município se apresentava no palco do cinema. O próprio
Capiti cantava. Descrito como um negro forte, de voz muito bonita, levantava o
público cantando músicas de Nelson Gonçalves. Gostava de fazer charadas.
Amílcar Carneiro, filho de Seu Duca, começou a frequentar os programas de
Capiti ainda garoto, e lembra que, feito a charada, alguém de fora podia ir e
“matar” (responder). Não pagava para entrar, se dissesse que ia “matar” a charada, entrava. Pois o programa era
transmitido para fora do cinema também, por meio dos alto-falantes.
Brincadeiras, provas, truques de mágica, embaixadinhas... Além, é claro, das
competições musicais, onde quem decidia quem havia cantado melhor era o
público, através das palmas. Tudo rolava no show do Capiti, que chegou a ganhar
o nome de “Divertimentos em Desfile”. Posteriormente, Zé Carneiro (filho mais
velho de Seu Duca) e Moacir Silva comandaram o programa, em diferentes
momentos.
Cine Argus - 1968
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