Fim de Ano no Rio

E pra fechar 2015 com chave de ouro, Memórias do Cine Argus será exibido na cinemateca do MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O filme foi selecionado para o 14º Festival Internacional de Cinema de Arquivo - RECINE, um festival especializado em filmes que possuem pelo menos 30% de imagens de arquivos, públicas e/ou privadas, em sua composição. O RECINE será realizado no período de 15 a 17 de dezembro de 2015.

Com isso, após sua exibição em Bragança, no II Festival Internacional de Cinema do Caeté - FICCA, entre 08 a 11 de dezembro, Memórias do Cine Argus deverá encerrar o ano de 2015 com duas exibições no Rio de Janeiro, uma na capital, entre 15 e 17 de dezembro (14º RECINE) e outra em Niterói, no dia 16 de dezembro de 2015 (19º Festival Brasileiro de Cinema Universitário - FBCU).

O filme encerra o ano com 18 festivais e mostras de cinema!

Cine Argus na cidade natal de Seu Duca

E o Cine Argus terá sua história contada na cidade onde nasceu seu criador, Manoel Carneiro Pinto Filho (Seu Duca)! Memórias do Cine Argus foi selecionado para o II Festival Internacional de Cinema do Caeté - FICCA, que será realizado na cidade de Bragança (PA), no período 08 a 11 de dezembro de 2015.

Seu Duca nasceu no dia 18 de maio de 1918, em Quatipuru, então município de Bragança. E foi nessa cidade que o menino Duca iniciou sua paixão pelo cinema. Filho de pai português, o menino Manoel Carneiro (Duca) perdeu muito cedo sua mãe, aos seis anos. A morte desestabilizou a família, que ainda viveu uma crise financeira que separou os sete irmãos. Manoel teve que morar de favor na casa de um farmacêutico ao lado da Prefeitura de Bragança, bem em frente ao Cine Teatro Kosmos, que depois se tornou Cinema Olímpia. O dono do cinema, compadecido daquela criança humilde cujos olhos brilhavam olhando os cartazes, deixava o menino Duca entrar de graça. Mais do que o encantamento com as imagens projetadas no telão, o que atiçava as fantasias de Duca era o funcionamento do equipamento que fazia as imagens se movimentarem. Nascia o sonho de ter um cinema, que viria a se concretizar em 1938, aos 20 anos, na cidade de Castanhal, quando do início da parceria com o amigo Paulo Cavalcante.

Uma história que renderia um grande livro: o menino de origem humilde que sonhava em ter um cinema e veio a ser proprietário de uma rede de mais de 30 cinemas no interior do Pará (inclusive em Bragança), em Imperatriz e em Macapá. A exibição de Memórias do Cine Argus em Bragança, na programação do FICCA, é carregada de significados. Em Bragança, talvez mais do que a história do cinema de Castanhal, seja a história do garoto bragantino de origem humilde que sonhou com o cinema e devotou toda sua vida a ele.

Cine Argus chega a Niterói

Mais um cinema de rua vai exibir a história do Cine Argus. Dessa vez será o Cine Arte UFF, localizado na orla da bela praia de Icaraí, em Niterói. Memórias do Cine Argus faz parte da Mostra Informativa - Panorama Nacional de Curtas Universitários da 19º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, e será exibido no dia 16 de dezembro de 2015, a partir das 18 horas.

A projeção no Cine Arte UFF terá um sabor especial para o diretor Edivaldo Moura, que iniciou o Curso de Cinema e Audiovisual na UFF (Universidade Federal Fluminense) e conhece bem o referido cinema de rua, onde foi espectador cativo nos anos de 2008 e 2009, período no qual morou em Niterói. E isso antes do Cine Arte UFF passar por uma ampla reforma que lhe deu um charme muito maior e uma projeção de ótima qualidade.

Cine Arte UFF - Niterói/RJ.

Cine Argus em Recife e Belém

Hoje, dia 11 de novembro de 2015, será um dia especial na carreira de Memorias do Cine Argus. Nosso filme estará sendo exibido em Recife e em Belém quase que simultaneamente. 

Em Recife, abrirá o Programa Cine Rua, no VIII Janela Internacional de Cinema de Recife, no Cinema do Museu, as 17h30. 

Em Belém, será exibido no Cine Olympia, a partir das 18h30, na Mostra Melhores do III Festival Audiovisual de Belém, onde recebeu menção honrosa.

Como curiosidade, é bom lembrar que, depois que a Empresa Severiano Ribeiro suspendeu o fornecimento de filmes para o interior do estado do Pará, era das grandes distribuidoras de Recife que vinham os filmes diretamente para o circuito de exibição de Seu Duca, o dono do Cine Argus. Os filmes chegavam de avião em Belém. 

Recife e Belém novamente sintonizadas em função do Cine Argus!

Imagem: http://wiiclube.uol.com.br/

Mais Notícias sobre a Premiação no FESTICINI

Noite de premiação no FESTICINI, onde Memórias do Cine Argus foi anunciado como melhor documentário de curta-metragem, é destaque no Jornal Tribuna Liberal.

Memórias do Cine Argus no Janela Internacional de Cinema de Recife

Após suas recentes passagens por Sumaré - SP (I Festival Internacional de Cinema Independente), Belém - PA (III Festival de Audiovisual de Belém) e Penedo - AL (V Festival de Cinema Universitário de Alagoas), Memórias do Cine Argus segue sua carreira pelos festivais. Sua próxima parada será no VIII Janela Internacional de Cinema de Recife, que iniciou no último dia 06 e deverá seguir até 15 de novembro de 2015.

O Janela Internacional de Cinema de Recife é um evento cinematográfico tradicional e muito importante do circuito brasileiro de festivais. Este ano, em sua oitava edição, Memórias do Cine Argus foi convidado a fazer parte do Programa Cine Rua, que irá exibir filmes que abordam a temática sobre os cinemas de rua.

Será exibido no dia 11 de novembro de 2015, às 17h30, no Cinema do Museu.

Confira aqui a página do filme no site do festival.

Cine Argus em Penedo

Memórias do Cine Argus foi exibido ontem à noite na cidade de Penedo, por ocasião do V Festival de Cinema Universitário de Alagoas. As exibições desse festival ocorrem na Praça 12 de abril.

Público compareceu em bom número e o Memórias teve uma boa receptividade, despertando a curiosidade sobre o cinema de Seu Duca e suas inúmeras histórias. 

A exibição do Cine Argus na cidade de Penedo tem um grande significado. É uma cidade histórica que fechou seus dois cinemas de rua (Cine Penedo e Cine São Francisco), mas existem projetos de revitalização dessas salas. 

Memórias do Cine Argus é Premiado no FESTICINI!

Ver o Memórias do Cine Argus ser selecionado, dentre mais de 500 produções oriundas de 15 países, para o I Festival Internacional de Cinema Independente e estar entre os cinco filmes concorrentes ao prêmio de melhor curta documentário, já é motivo de grande orgulho. Ser escolhido como melhor curta documentário então... é uma imensa alegria!

http://www.festicini.com.br/ganhadores

A premiação ocorreu na noite do dia 31 de outubro de 2015, na cidade de Sumaré – SP, durante a cerimônia de encerramento do I FESTICINI, que teve uma brilhante primeira edição, muito bem organizada e de forma bastante profissional. Certamente, um festival que irá se consolidar no cenário nacional e internacional. Fazermos história nessa primeira edição é motivo de grande honra e lisonja!

Veja a mensagem que o FESTICINI enviou ao diretor Edivaldo Moura:

“Boa tarde.

É com muita alegria que informo que o documentário Memórias do Cine Argus foi o grande vencedor da categoria Melhor Curta-Metragem Documentário. O FESTICINI parabeniza novamente todos os envolvidos pela qualidade da obra.

Mande nossos sinceros abraços a todos os envolvidos e que você continue realizando este bela trabalho. Ficamos extremamente tocados com a história contada no filme, e por ter conseguido resgatar essa história, que não é apenas de um espaço onde se exibia filmes, mas de toda uma comunidade e um período histórico da cidade. Parabéns novamente!”

Semana gloriosa para Memórias do Cine Argus, que também recebeu menção honrosa no III Festival de Audiovisual de Belém, um dia depois da premiação do FESTICINI.

Assista ao vídeo com o anúncio da premiação, extraído do canal do Cinema e Pipoca no youtube. 

Memórias do Cine Argus recebe Menção Honrosa no FAB

Memórias do Cine Argus recebeu menção honrosa na cerimônia de encerramento do III Festival de Audiovisual de Belém, que ocorreu na noite do dia 01 de novembro de 2015, no Cine Olympia, em Belém, por seus méritos artísticos e sua contribuição para o resgate histórico.

Por ocasião da homenagem, a organização do festival destacou a relevância dos filmes sobre os cinemas de rua que participaram desta edição, citando Cine Paissandu, de Christian Javas, e Último Cine Drive-in, de Iberê Carvalho, além de Memórias do Cine Argus.

O diretor do filme, Edivaldo Moura, agradeceu a organização do FAB pela homenagem, que se tornava ainda mais especial por ser concedida dentro do cinema de rua mais antigo do país em funcionamento. E falou sobre a importância do resgate e da valorização das memórias e histórias dos cinemas de rua, lamentavelmente fechados em sua maioria, não obstante toda a contribuição que tiveram na formação cultural de seus municípios.

Império dos Sentidos

A exibição de filmes pornográficos é um capítulo interessante da história do Cine Argus. E controverso. A decisão de incorporar o pornô na programação do Argus dividiu opiniões em Castanhal, cidade do interior do Pará na qual o cinema fez parte da programação da semana santa, com a exibição do filme A Vida e Paixão de Cristo, de Ferdinand Zecca, por quase quatro décadas.

Foto: Acervo Família Carneiro.

A foto acima reproduz bem essa contradição. No Cine Argus, o cartaz à direita apresentava os filmes em exibição. O que ficava à esquerda anunciava as próximas atrações. No dia em que a foto foi feita (provavelmente década de 90), estavam sendo exibida uma dobradinha de sexo explícito, que seria sucedida dias depois por A Vida de Cristo. Públicos distintos para uma programação diversificada. A polêmica, é claro, afastou uma parcela de espectadores mais religiosos. Mas, o público atraído pela novidade dos "filmes impróprios para menores" suplantava e muito esse afastamento. Tanto que os filmes pornôs ganharam dois dias exclusivos de exibição: às terças e quartas-feiras. E nos últimos anos do Cine Argus deram uma sobrevida a mais ao cinema de Castanhal, Não fossem por eles, é provável que o Argus tivesse fechado antes mesmo de 1995.

Segundo Amílcar Carneiro, programador do Cine Argus de 1982 a 1995, foi com um filme de arte, em 1981, que teve início a exibição de filmes pornôs no Cine Argus. Nada mais, nada menos do que Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima, que causou um certo reboliço na cidade. Com o grande sucesso de público, o gênero se consolidou rapidamente, Daí em diante, muitos jovens aguardavam ansiosos por completar 18 anos e poder assistir aos filmes de sexo explícito. E alguns conseguiam burlar a proibição e entrar na sessão erótica antes mesmo da maioridade. Já dizia o Pati: "tinha muito moleque perverso!".

Cena de Império dos Sentidos (Nagisa Oshima, 1976)

José Tavares, um dos "muleques perversos" do Cine Argus (hoje servidor público no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA), em entrevista ao documentário Memórias do Cine Argus, relembrou travessuras do seu período de adolescente. Tavares conta que vendia sacos no Mercado de Castanhal, através do que ganhava um dinheirinho pra assistir a filmes no Cine Argus aos finais de semana. Quando não podia pagar, o jeito era furar o bloqueio do Pati, porteiro e zelador do cinema de Seu Duca. Conta que seus filmes favoritas eram os de faroeste e os de luta. Pelo menos até começar a frequentar as sessões pornôs. 

"Os filmes eram pornô, mas eram filmes com história, no qual a gente aprendia pra conversar com as gatinhas no colégio. Hoje, não. A gente vai assistir um filme pornô, começa transando, termina transando, não tem conversa nenhuma", afirma Tavares, que relata no documentário que teve a possibilidade de levar algumas meninas da escola onde estudava, ou do cabaré, para o Cine Argus em dia de exibição pornográfica. No escurinho do cinema, os amassos corriam soltos e dava pra "treinar" as performances da tela e, de quebra, ganhar o primeiro boquete da vida. 

Muitas histórias bem pitorescas marcam os dias de exibição dos pornôs no Cine Argus. Outros relatos deverão se somar ao de Tavares na versão longa-metragem do documentário Memórias do Cine Argus, a ser lançada em fevereiro de 2016.

José Tavares em Memórias do Cine Argus (2014).