Os Cinemas de Rua

Após as primeiras exibições públicas de filmes na última década do século XIX, a produção e projeção cinematográfica se popularizou e se tornou uma das maiores novidades do século XX. 
Em suas primeiras décadas de existência, os filmes foram inicialmente projetados em vaudevilles (espaços de entretenimento com vários tipos de atrações, onde os filmes eram apenas um dos espetáculos) e posteriormente em nickelodeons (pequenas salas criadas especificamente para a projeção de filmes, com público restrito aos operários).
Contudo, a produção e a projeção cinematográfica se popularizaram cada vez mais, entre todas as classes sociais, e a atividade cinematográfica se tornou um ramo de negócio muito lucrativo. Em todo o mundo, foram criadas várias salas de projeção bem localizadas e maiores que as anteriores, com telas enormes, centenas de lugares e, por vezes, majestosa arquitetura, dando ao ato de assistir filmes o caráter de um ritual de celebração à arte cinematográfica.
A essas salas de cinema se convencionou chamar (muito tempo depois) de "cinema de rua", em contraposição às atuais salas de cinema multiplex localizados em shoppings, que surgiram como mais uma das atrações disponíveis nesses complexos comerciais, e que hoje correspondem a imensa maioria de salas de cinema existentes no Brasil e no mundo.
Os cinemas de rua têm um histórico de estreita relação com a sociedade, pela enorme influência que exerceram na vida social e cultural das cidades e regiões vizinhas nas quais se localizaram. Desde aqueles localizados em bairros nobres como os criados nas periferias das cidades, os cinemas de rua se tornaram um espaço de encontro, de formação cultural e de culto à arte cinematográfica. Durante décadas, representaram o único meio de se assistir a filmes e uma das principais formas de receber imagens e informações de outros lugares do mundo. 
Com a popularização de outros meios midiáticos como televisão (anos 70), videocassete (anos 80), dvd e internet (início do século XXI), os cinemas perdem gradativamente espaço para essas novas mídias e a exclusividade da exibição dos filmes. As pessoas passam a ter a oportunidade de assistir (e até mesmo a possuir) seus filmes preferidos em casa, e o público de cinema consequentemente diminui. Por conta da especulação imobiliária, várias salas de cinema não se sustentam mais economicamente e encerram suas atividades.
Infelizmente, a imensa maioria dos cinemas de rua fecharam em massa entre a década de 70 e a primeira década do século XXI, dando lugar a lojas, igrejas, etc. Os poucos que resistiram contam com apoio do poder público, por representarem um patrimônio histórico e cultural dos municípios dos quais fazem parte, reconhecimento que a maioria das salas, lamentavelmente, não encontrou. 
No Pará, podemos citar o caso do Cine Olympia, fundado em 24 de abril de 2012 e transformado em espaço cultural pela Prefeitura Municipal de Belém em 2006, após forte pressão popular contra seu fechamento. É considerado o cinema de rua mais antigo do Brasil em funcionamento (considerando que sempre permaneceu no mesmo espaço e nunca interrompeu suas atividades por muito tempo).

Texto: Edivaldo Moura


Cine Olympia, fundado em 24/04/1912 (ano e autor desconhecido)

Cine Olympia, transformado em espaço cultural em 2006
(crédito: http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/)




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