Cine Argus: O Cine Argus

A história do Cine Argus está intrinsecamente relacionada à história da cidade de Castanhal, situada na região nordeste do estado do Pará, a 70 km de Belém. Localizado na Avenida Barão do Rio Branco, no centro da cidade, esse cinema movimentou a vida cultural de Castanhal e influenciou várias gerações durante seis décadas.

Fundado em 1938 por Manoel Carneiro Pinto Filho, mais conhecido como Duca do Cinema, e Paulo Cavalcante, a sala de projeção do Cine Argus, com 550 lugares, foi durante muito tempo o único auditório da cidade, e serviu, além de exibir filmes diariamente, para a realização de cerimônias de formatura, apresentação de peças teatrais, shows musicais, convenções partidárias, reuniões de sindicatos, shows de calouros e bailes de carnaval. Os auto-falantes do Argus, além da divulgação dos filmes, tocava músicas, noticiava acontecimentos da cidade e do Brasil, prestava serviços de publicidade e apoiava os desfiles de 7 de setembro. Ademais, representava a principal opção de lazer e o mais importante ponto de encontro do município.

A partir da década de 70, quando a Empresa Severiano Ribeiro decidiu cortar a distribuição de filmes para os cinemas do interior do estado do Pará, Seu Duca passa a alugar filmes diretamente das grandes distribuidoras localizadas em Recife, atuando como redistribuidor para diversos cinemas de cidades do interior do estado, como Abaetetuba, Santa Izabel, Icoaraci (distrito de Belém), Breves, Capanema, Bragança, Serra Pelada, Altamira e Tucuruí, além das cidades de Imperatriz/MA e Macapá/AP.

Portanto, o Cine Argus foi ainda o principal cinema de um circuito de exibição que, em seu auge, contou com mais de 90 funcionários e distribuiu filmes para mais de 30 cinemas no interior do Pará e estados vizinhos.

Em 1982, Seu Duca faleceu em um acidente de carro, ao retornar de seus cinemas em Imperatriz/MA. Seu filho Amílcar Carneiro assumiu a gerência do Cine Argus e de todo o seu circuito.

O Cine Argus fechou suas portas em 1995, no contexto do encerramento das atividades da maioria dos cinemas de rua no Brasil e no mundo, após popularização do VHS. Após o fechamento, seu prédio abrigou uma sede da Igreja Universal do Reino de Deus, depois foi uma discoteca e, por último, se tornou uma loja de plásticos, a qual permanece funcionando até os dias atuais.

Texto: Edivaldo Moura