Belíssimo texto de Fátima Carneiro, sobre a já histórica noite mágica do dia 27/11, ilustrada por fotos inéditas de Wendell Silva!
A MEMÓRIA, NESSA NOITE, ATRAVESSOU A AVENIDA!
Por Fátima Carneiro
Eu caminhava
com familiares em direção ao local onde seria exibido, em estreia, o filme “Cinema
de Seu Duca”. Fui ouvindo comentários de rua, em meio à noite que caía, na
Avenida Barão do Rio Branco de Castanhal: “Não dá para estacionar mais nesta
rua”; “não tem mais lugar sentado”; “O que está acontecendo? não sei”;”Deve ser
aquele filme, que vai passar no meio da rua”...
Seguindo pela
mesma Barão, subitamente desfigurada para o Evento, sem carros e sem guardas de
trânsito, pude ver,ao longe, imponente, o telão atravessado na avenida, em
frente ao prédio onde funcionou o cine Argus,com suas 550 cadeiras enfileiradas
na rua, quase todas ocupadas. Pessoas em grupo (como meus familiares e eu),
crianças e idosos, todos corriam para tomar um lugar. Ainda procurando uma
cadeira, ao menos uma, desocupada,cheguei em frente à loja “D’Ele e D’Ela” e
encontrei o Amílcar, que vinha em direção contrária. Falou-me que ia ser
difícil encontrar cadeira vazia. Mas aí uma surpresa: uma jovem me cedeu sua
cadeira, na verdade ela se livrou do lugar e da cadeira mal localizada, inclinada
pela borda do asfalto e de onde não se podia ver senão um terço da tela, em
razão de um grupo de pessoas estarem em pé próximo à copa de uma árvore
pequena, frente a esses assentos. Dei-me por feliz. Sentada com minha neta no
colo, eu me sentia imensamente feliz de estar ali, presente naquela estreia tão
esperada,sentindo a reação das pessoas ao filme, eu que sou uma das
entrevistadas do diretor Edivaldo Moura. Concentrei-me no filme que começava,
lá permanecendo até o final da sessão, enquanto minha turma seguiu em outra
direção, arriscando encontrar ainda algum lugar.
Em torno de
mim havia idosos, adultos, jovens e crianças. Havia também venda de alimentos:
batata frita, algodão doce, etc e ainda de água e refrigerante. E um
troca-troca de cadeiras, sempre que amigos se encontravam. E as turmas de
amigos se encontravam. Aquilo estava um encontro festivo. E os comentários prosseguiam:
“É seu Duca? Ele já apareceu? A voz é dele, mesmo?”
Reações de
espanto foi quando os senhores Adalberto Moraes e Almir Lima apareceram. E de
riso, gargalhada, quem provocou foi Joaquim, o conhecido Paty.
A noite
avançava e estava bonita. Ventilada e acolhedora, ajudava a colocar todos em
sintonia, sem que isso fossem as costumeiras filas de banco, do atendimento
médico, ou do caixa de supermercados, do cotidiano, enfim. Sem suor ou
correria, naquela noite, já chamada por muitos de mágica, todos olhavam para o telão,
poucas vezes imaginado antes, onde os astros e estrelas do filme narravam a
mais interessante das histórias, a nossa própria história, ajudando a
reconstruir a memória que o desenvolvimento arrancou. Como num verdadeiro passe
de mágica, o Mago Pathy fez aparecer na tela, como protagonistas, os que
estiveram sempre nos bastidores ajudando, com o trabalho de exibição
cinematográfica, a repassar dramas, emoções, aventuras e ficção de roteiros
alheios. Agora, ali, naquela noite mágica, chegou enfim, o dia desses atores e
atrizes narrarem a própria história. E foi o que se viu. Olhos pregados na
tela, risos e lágrimas, gritinhos de surpresa e aplausos, muitos aplausos.
De repente,
fim de festa, acabou a sessão. Tentei fazer umas fotos daquele público
impressionante. Comecei a empilhar cadeiras,buscando me movimentar em direção a
meus familiares, que eu devia procurar. Nisso fui reconhecida pela Antônia,
suas filhas, genro e netos, a Sandra com
a filha, nossa vizinha Amélia e familiares e a Heliana Barriga. Fui localizada
por meus familiares. Os amigos se despediam, estavam felizes com a participação
de dona Nila Queiroz Carneiro no filme.
Fomos nos
dirigindo para próximo do telão, onde a a turma da imprensa filmava e ainda
coletava depoimentos. Edivaldo Moura e esposa, meus irmãos e irmãs estavam
quase todos lá e a grande surpresa era a presença do Waldir e suas filhas, ele que
esteve muito tempo à frente do cinema de Capanema e que soube do filme pela
divulgação feita pela TV Liberal. O grande assunto era quantificar aquela multidão:
1.000, 1.400 pessoas? Continuei conversando com uma e outra pessoa que se
aproximava de mim. Só então cheguei perto do mingau de arroz, servido pela
minha Comadre Francisca, e dos DVDs, que estavam a cargo de Marta e Denise. O
amigo Max Bastos estava lá e comentou comigo: “Seu Duca deve estar por perto e
acredito que está muito feliz com tudo isso”.
De repente um
barulho forte e estranho atrás de nós, era a desmontagem do telão.
Outro ruído
conhecido, também forte, era o piuiii...da máquina do último comboio de trens do
dia, que chegava à Estação da Estrada de Ferro de Bragança-EFB de Castanhal,
desacelerando e dando tempo para os frequentadores da sessão de cinema descerem
dos trilhos. Tudo aconteceu sem atropelos e todos foram entendendo que a
conversa prosseguiria, sim, em bares e restaurantes, ou nas varandas das casas,
por várias horas ainda, daquela e das outras muitas noites mágicas, que
estariam por vir. Afinal, quando cerca de 2.000 pessoas se encontram com data e
hora marcada, para viver uma mesma emoção, há energia suficiente, como numa
explosão, que movimenta um motor, mas gera também outros movimentos
espontâneos.
E depois
dessa noite mágica, nada mais será como antes. Se a noite foi realmente mágica,
do futuro podemos esperar muito.
Valeu,
Edivaldo Moura!
Valeu equipe
de produção, colaboradores, apoiadores, Prefeitura de Castanhal e Universidade
Federal do Pará.
Valeu, seu Duca!
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